Toda nossa vida está preenchida por pontos de virada. Se observarmos mais atentamente, todo dia temos dois pontos de virada : o adormecer e o acordar.
A Ciência Espiritual é uma fonte infindável aonde podemos observar isso.
A capacidade de conhecer o mundo sensorial com um pensamento claro a humanidade conquistou com muito esforço. Isso foi um ponto de virada na consciência humana que aconteceu há relativamente pouco tempo.
Quando acordamos a nível da consciência humana, perdemos o contato com o mundo espiritual. O mito de Adão e Eva descreve isso de forma muito bonita. Um ponto de virada.
Os maiores pontos de virada são o nascimento e a morte. O recém nascido precisa se adaptar ao mundo novo, e na morte, se vivencia a mudança radical de ter que deixar para traz o corpo físico – aí se tem o renascimento no mundo espiritual. Quando nascemos somos expirados do Cosmos, e quando morremos, somos inspirados por ele.
Quando começamos a desenvolver o nosso interior conscientemente é um momento importante, e a isso damos o nome de iniciação. Nesse caminho interior a tarefa é sempre reconhecer mais a verdade sobre o mundo, sobre Deus, sobre tudo. Esse é outro ponto de virada.
Precisamos do equilíbrio entre o amor e a liberdade para encontrarmos a verdade no sentido mais amplo.Quanto mais amor uma criança vivencia, mais saudável ela cresce.
Como podemos lidar com os conhecimentos que nos foram passados pela Antroposofia sem desistir da nossa inteligência ? Não estamos mais na época de acreditar, mas sim de entender.
Podemos olhar os mitos e contos de fada e aprender a ler os mesmos nas suas camadas mais profundas para descobrir os segredos por traz dessas imagens.
A luta para chegarmos à um entendimento nos faz pagar um preço bem alto. Quando o homem cai fora com o seu pensar do mundo espiritual, vem a demência ; quando cai fora com o seu sentir, vem a depressão ; quando o corpo cai fora dessa unidade, o câncer. Hoje as doenças mais comuns na nossa humanidade tem uma única fonte.
Quem fica com a verdade sem experienciá-la não a conhece. Aquilo que aprendemos com a cabeça precisamos vivenciar no coração, e com a vontade, na ação.
Rudolf Steiner nos presenteou com uma imagem – o pesquisador espiritual é como um sapateiro, que além de vender os sapatos, ele também só pode andar com eles. Precisamos de uma grande parte de coragem e desprendimento para passar por cima do obstáculo do limite dos nossos conhecimentos.
Usando essas ferramentas para conhecer os mundos superiores, podemos criar um ponto de virada.
O Carma tem 3 afinações : 1) nosso estado de ânimo ; 2) simpatia e antipatia ; 3) os acontecimentos. Nada vem de fora de nós, temos que assumir que tudo o que acontece vem de dentro de nós mesmos. Essa consciência é uma libertação mágica.
Os pontos de virada da nossa biografia são individuais : quando vamos para a escola, o primeiro grande amor, quando vamos para a faculdade, essa lista é enorme. Cada um vivencia o seu destino de maneira particular. Enquanto não nos defrontarmos com os padrões da nossa vida, eles ficam repetitivos.Temos que entrar em contato com o Eu superior e desenvolvê-lo. Tomar responsabilidade sobre as escolhas que fazemos no nosso destino.
Os pontos de virada trazem o despertar.
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Palestra proferida por Hermann Seiberth
Sociedade Antroposófica 27/08/2016