
Desde o agravamento da pandemia em nosso país no começo deste ano, temos observado alguns fenômenos, talvez com mais consistência do que quando surgiram no ano passado.
Do ponto de vista humanitário, o que teve início como impulso de empatia e solidariedade – cuidados, alimentos, medicamentos, etc..- , se intensificou entre aqueles que foram sensibilizados pelo sofrimento.
Um maior número de pessoas se mobilizou entre amigos, associações de bairro e organizações da sociedade civil, em prol do compartilhamento de recursos para os mais vulneráveis.
Será que estamos assistindo a alguma transformação profunda na alma desses indivíduos? Podemos esperar uma mudança significativa e em larga escala no processo de humanização?
Nas antigas culturas orientadas por seres superiores, agradecer e doar faziam parte de um ritual cotidiano. Nas tribos indígenas remanescentes ainda encontramos uma cultura de doação.
Segundo a Antroposofia, o tempo de atuação e doação dos “deuses” para a evolução humana chegou a seu término. Como pais amorosos e conscientes, deixaram a condução da Terra em nossas mãos.
Para Rudolf Steiner, o cultivo do Bom, do Belo e do Verdadeiro, na infância e juventude, se transforma em forças de Confiança, Doação e Gratidão na psique do adulto.
Habilitados, ou não, parece que é chegada a nossa vez de nos tornarmos cuidadores de nós mesmos, do mundo e do Cosmo.
Resta saber se, agora que somos responsáveis por nossa edificação, conseguiremos desenvolver, por vontade própria, uma consciência que reconheça o valor de tudo o que ganhou, e que também anseie verdadeiramente retribuir as bênçãos recebidas.
Penso que vale a pena esperançar!
Eliane Utescher
Psicóloga / Terapeuta Biográfica
30/04/2021
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