Época de João Renascer

A festa de São João fecha o primeiro semestre do ano, e é a época em que, naturalmente, revisamos as metas projetadas na virada do ano anterior e fazemos um balanço do que conseguimos realizar.

São João é o marco do que está por vir. Ao revermos nossos projetos externos e internos, ressoa fortemente na alma a voz da consciência. Tornamo-nos sensíveis aos nossos padrões de comportamentos repetitivos, aos erros reincidentes que funcionam como um freio na atuação individual que expressa mais limpidamente o nosso próprio Ser.

“Mudem seus corações e suas metas e preparem-se para a nova era”, clamava João às margens do rio Jordão. Em grego, Joanes, era um título atribuído ao ser humano que conseguia expressar seu Ser espiritual no mundo. Em suas pregações, João apelava diretamente ao senso individual do que é certo e errado presente em cada pessoa, independentemente de nacionalidade ou religião.

Muitos de nós, a esta altura do ano, sentem-se pequenos diante do que está por vir, com medo da própria sorte. Sertanejos olhando cheios de esperança o céu estrelado de junho. Elevar os olhos ao céu é um ato que, em si, é uma oração. O coração também se eleva, e na imensidão do azul que nos envolve, sentimos a presença de algo maior que nos acolhe, e nos enche de esperanças.

“Homem, torne-se o que você é”. Após ser batizado por João, o indivíduo enfrenta seu destino pessoal, como parte do destino da Humanidade. O que acontece além das fronteiras do meu cotidiano, também é minha responsabilidade, concluía, e assim, sentia-se membro de uma ordem universal.

O chamado individual nesta época de João é forte. Em relação aos compromissos, que tudo vai depender do que seremos capazes. Renascer nas pequenas ações ordinárias do dia a dia, eis a Iniciação moderna. Tão contemporânea, que na luta diária não nos damos conta do esforço que fazemos para manter a presença de espírito, e para não desviar nossa atenção procurando por grandes promessas de transformação.

Respirando fundo podemos reunir na alma forças novas. De um lado, o estresse é uma maneira de ser e lidar com as coisas. Reunimos coragem e pulamos a fogueira de São João. Do outro lado, com a força individual intensificada, renovamos a disposição para o que, ainda antes do final do ano, queremos alcançar.

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Texto de Edna Andrade, extraído da revista Nós 2009, e publicado no Boletim da Sociedade Antroposófica do Brasil

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Published in: on 25/06/2018 at 7:30 p06  Deixe um comentário