Advento

A Época do Advento inicia-se logo após os dias de finados, quando estamos envolvidos com os entes falecidos, com o tempo já ido, com o passado. No Advento, nos dirigimos ao futuro, a época vindoura, assim como se expressa a composição da palavra ADVENTO: “aquele que vem”. É uma época cheia de tradições e, aqui, vamos nos aprofundar um pouco em alguns de seus símbolos.

No advento, deveríamos atravessar um portal enorme e silencioso: o que nos conduz do exterior, que nos rodeia, para dentro do nosso mais oculto interior. O sol, o calor, a vegetação exuberante chamam a nossa alma para fora de nós; isto está certo e correto quando ocorre na ocasião e hora certa. A alma até deve poder viver em um mundo de sensações e de beleza natural. Porém, no advento, devemos iniciar uma introspecção, uma vivência interiorizada.

Se nos interiorizarmos, haveremos de ver como nós somos e nos prepararmos para o SER que virá, sem a necessidade de usar chavões, posturas adquiridas, máscaras. Lembremo-nos do dito popular: “ouça os milagres do silêncio; a sabedoria não reside nos ruídos”.

Esta é uma das tarefas, provavelmente a mais difícil, que nos fica por tentar cumprir na  época do Natal: precisamos treinar conscientemente a achar o silêncio, a compenetração e a reflexão. Não somente combatendo ruídos e interferências exteriores, porém, principalmente, tentando encontrar, ou melhor, encontrando uma ligação nova com o mundo espiritual.

Sabemos como é benéfica e cheia de paz uma contemplação prolongada do céu estrelado: sentimo-nos acalmados, mais abertos e confortados até o fundo da nossa alma. Há  inúmeros versos e canções  a este respeito. Este fato é como um chamado de alerta para a alma: assim como as estrelas querem iluminar a escuridão terrestre, igualmente, nós devemos achar em nossa vida terrena pontos de luz dentro de nós.

Se perguntarmos, retrucar-nos-ão que sempre existiu a coroa do advento! E que nasceu junto com o pinheiro de Natal! Mas foi somente no início do século vinte que ela começou a expandir-se largamente e se divulgou bastante durante o movimento juvenil  dos alemães  andarilhos ( caminhantes, excursionistas). Eles costumavam enviar aos companheiros falecidos em combate uma coroa com velas acesas por cima de lagos e lagoas, como símbolo da viagem ao mundo do além. E, com isto, surgia uma crença  e força  grande para viverem esperançosos e, principalmente confortados pela fé. Levamos coroas aos túmulos dos falecidos como símbolo de um círculo vital que se completou. E, assim como a natureza que  fenece transforma-se em novo crescimento, em florescer e amadurecer, igualmente, a morte do ser humano é apenas uma passagem para um mundo diferente, se contemplarmos o fato através do milagre do nascimento de Cristo.

Suas quatro velas, acesas em sequência de quatro domingos, cada domingo uma a mais até se queimarem todas, mostram-nos quatro direções  na imensidão dos mundos, aonde os doze signos do zodíaco se fecham, também em um círculo. As quatro velas do advento são sua cruz luminosa: a cruz dos quatro evangelistas, a quem o simbolismo cristão deu, também, um signo:

Mateus – o homem (aquário)
Marcos – o touro
Marcos – o leão
João –    a água que no futuro trará a vitória sobre o escorpião

Se as quatro velas da coroa estão acesas, o caminho para a vinda ao mundo do “Senhor dos Elementos” (como diziam os Celtas, D’Aquele que está por vir) estará iluminado.

Este  lembrar-se, este reatar dos símbolos antigos com a história da humanidade no aspecto anímico-espiritual é que nos dará todo o potencial, a base, o “background” que nos dias de hoje irá nos ajudar a reconhecer as forças novas que anunciam a vinda, o advento.

Trechos do site  www.festas cristas.com.br

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Published in: on 28/11/2012 at 7:30 p11  Deixe um comentário  

Retrospectiva

O homem deve tornar-se capaz de fazer, da capacidade de amar, uma força para o conhecimento. Ora, um certo preparo para aquela capacidade de amor espiritual se realiza quando nos livramos, de certa maneira, de tudo o que nos prende às coisas exteriores – por exemplo, quando fazemos regularmente um exercício que consiste em representar-nos os acontecimentos por nós vividos, não em sua sequência normal, mas seguindo o curso oposto.

O nosso pensar ordinário, passivo, segue servilmente os acontecimentos do mundo. Um drama apresentado no palco começa elo primeiro ato, depois vem o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto. Mas se conseguimos, em nossa imaginação, começar pelo fim, pensando depois no que imediatamente precede, depois no começo do quinto ato, depois no quarto, etc, até o início da peça, aí nos desprendemos completamente da sucessão exterior dos fatos do mundo.

Devemos fazer um esforço enorme, partindo de nós mesmos, para representar os fatos retrospectivamente. Dessa forma arrebatamos a nossa atividade interior da corrente que nos puxa normalmente para a frente, e isso conduz a nossa maneira interior e anímico espiritual de viver, pouco a pouco, até aquele ponto onde o anímico espiritual realmente se desprende do corpóreo  também do etérico.

O homem pode preparar-se para esse arrebatamento se conseguir representar, a cada noite, os acontecimentos do dia, mas numa sucessão retrógrada : primeiro o que ocorreu por último, e assim por diante, inclusive os detalhes; por exemplo, se subimos uma escada, imaginando estarmos no último degrau, depois no penúltimo, isto é, representando descer para trás o que na realidade realizamos subindo.

Muitos dirão : “Mas isso dura muito tempo, pois vivemos tantos fatos num dia !” Isso não deixa de ser lógico. Então, comecemos por um episódio apenas : representemos o subir e o descer da escada em sentido contrário ; primeiro o descer, depois o subir de forma indicada. Fazendo isso, vamos adquirindo uma certa mobilidade interior até conseguirmos finalmente imaginar o decurso inteiro do dia dentro de 3 ou 4 minutos.

Trechos em “O Conhecimento Iniciático”  Rudolf Steiner

Published in: on 02/11/2012 at 7:30 p11  Deixe um comentário