A Ciência da Hedônica

Na última década, um número cada vez maior de cientistas tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade.

Uma nova disciplina tem sido recentemente desenvolvida, chamada de “a ciência da hedônica”.

A palavra “hedônica” foi cunhada pelo psicólogo Daniel Kahneman, que ganhou o prêmio Nobel da Economia em 2002.

Esse termo denota a pesquisa científica quanto às fontes da felicidade humana.

De acordo com esses estudos, até um certo nível de riqueza, o sucesso material de fato traz mais felicidade. Por exemplo, quando uma pessoa progride de um estado de absoluta pobreza e miséria até o atendimento de suas necessidades de sobrevivência, e desse nível de sobrevivência até uma vida confortável, e depois de uma vida confortável até um certo grau de luxo, sua felicidade de fato aumenta.

Contudo,após um certo ponto, mais bens materiais não trazem mais satisfação.

O que importa a esta altura são os chamados “fatores não materiais”, tais como companheirismo, famílias harmoniosas, relacionamentos amorosos, e uma sensação de se viver uma vida significativa.

Nós, enquanto seres humanos, temos fome não apenas por alimento para o corpo, mas também para a alma.

Acredito que o FIB – Felicidade Interna Bruta – é vitalmente importante para este país atualmente, porque o Brasil está se tornando uma potência mundial.

Qual caminho que o nosso país deveria seguir ?

Seria o curso traçado pelos EUA, onde o   PIB – Produto Interno Bruto – aumentou 3 vezes desde os anos 1950, mas onde a felicidade das pessoas de fato declinou ? Onde uma em 4 pessoas é infeliz ou deprimida ?

Onde durante esse mesmo período quando o PIB triplicou, o número de divórcios duplicou, o de suicídios entre adolescentes triplicou, o de crimes violentos quadruplicou, e a população carcerária quintuplicou ?

Os americanos aumentaram sua riqueza dramaticamente, mas no processo perderam algo muito mais precioso : seu sentido de comunidade.

E é exatamente isso que todas as pesquisas psicológicas constatam ser a verdadeira e duradoura fonte de felicidade : laços harmoniosos e amorosos entre as pessoas.

Será que o Brasil quer ser uma superpotência como os EUA ?

Ou será que o Brasil deveria optar por um caminho de desenvolvimento holístico e integrado como esse que o FIB representa, e mostrar um novo modelo para o mundo ?

A hora para decidir é agora.

                                                      Dra.Susan Andrews

Psicóloga e antropóloga formada pela Universidade de Harvard, fundadora e coordenadora da ecovila Parque Ecológico Visão do Futuro de São Paulo, e coordenadora do FIB no Brasil

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Published in: on 28/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

Debate sobre o PIB

Ladislau Dowbor

16 de abril de 2009

 

Crescer por crescer, é a filosofia da célula cancerosa.

Banner colocado por estudantes, na entrada de

 uma conferência sobre ecconomia

 

 

PIB, como todos devem saber, é o produto interno bruto. Para o comum dos mortais que não fazem contas macroeconômicas, trata-se da diferença entre aparecerem novas oportunidades de emprego (PIB em alta) ou ameaças de desemprego (PIB em baixa). Para o governo, é a diferença entre ganhar uma eleição e perdê-la. Para os jornalistas, é uma ótima oportunidade para darem a impressão de entenderem do que se trata. Para os que se preocupam com a destruição do meio-ambiente, é uma causa de desespero. Para o economista que assina o presente artigo, é uma oportunidade para desancar o que é uma contabilidade clamorosamente deformada.

 

Peguemos o exemplo de uma alternativa contábil, chamada FIB. Trata-se simplesmente um jogo de siglas, Felicidade Interna Bruta. Tem gente que prefere felicidade interna líquida, questão de gosto. O essencial é que inúmeras pessoas no mundo, e técnicos de primeira linha nacional e internacional, estão cansados de ver o comportamento econômico ser calculado sem levar em conta – ou muito parcialmente – os interesses da população e a sustentabilidade ambiental.   Como se pode dizer que a economia vai bem, ainda que o povo vá mal ?

Então a economia serve para quê?

 

No Brasil a discussão entrou com força recentemente, em particular a partir do cálculo do IDH (Indicadores de Desenvolvimento Humano), que inclui, além do PIB,  a avaliação da expectativa de vida (saúde) e do nível da educação. Mais recentemente, foram lançados dois livros básicos, Reconsiderar a riqueza, de Patrick Viveret, e Os novos indicadores de riqueza de Jean-Gadrey e Jany-Catrice. Há inúmeras outras iniciativas em curso, que envolvem desde o Indicadores de Qualidade do Desenvolvimento do IPEA, até os sistemas integrados de indicadores de qualidade de vida nas cidades na linha do Nossa São Paulo. O movimento FIB é mais uma contribuição para a mudança em curso. O essencial para nós, é o fato que estamos refazendo as nossas contas.

 

As limitações do PIB aparecem facilmente através de exemplos. Um paradoxo levantado por Viveret, por exemplo, é que quando o navio petroleiro Exxon Valdez naufragou nas costas do Alaska, foi necessário contratar inúmeras empresas para limpar as costas, o que elevou fortemente o PIB da região. Como pode a destruição ambiental aumentar o PIB? Simplesmente porque o PIB calcula o volume de atividades econômicas, e não se são úteis ou nocivas. O PIB mede o fluxo dos meios, não o atingimento dos fins. Na metodologia atual, a poluição aparece como sendo  ótima para a economia, e o IBAMA vai aparecer como o vilão que a impede de avançar. As pessoas que jogam pneus e fogões velhos no rio Tieté, obrigando o Estado a contratar empresas para o desassoreamento da calha, contribuem para a produtividade do país. Isto é conta?

 

Mais importante ainda, é o fato do PIB não levar em conta a redução dos estoques de bens naturais do planeta. Quando um país explora o seu petróleo, isto é apresentado como eficiência econômica, pois aumenta o PIB. A expressão “produtores de petróleo” é interessante, pois nunca ninguém conseguiu produzir petróleo: é um estoque de bens naturais, e a sua extração, se der lugar a atividades importantes para a humanidade, é positiva, mas sempre devemos levar em conta que estamos reduzindo o estoque de bens naturais que entregaremos aos nossos filhos. A partir de 2003, por exemplo, não na conta do PIB mas na conta da poupança nacional, o Banco Mundial já não coloca a extração de petróleo como aumento da riqueza de um país, e sim como a sua descapitalização. Isto é elementar, e se uma empresa ou um governo apresentasse a sua contabilidade no fim de ano sem levar em conta a variação de estoques, veria as suas contas rejeitadas. Não levar em conta o consumo de bens não renováveis que estamos dilapidando deforma radicalmente a organização das nossas prioridades. Em termos técnicos, é uma contabilidade grosseiramente errada.

 

A diferença entre os meios e os fins na contabilidade aprece claramente nas opções de saúde. A Pastoral da Criança, por exemplo, desenvolve um amplo programa de saúde preventiva, atingindo milhões de crianças até 6 anos de idade através de uma rede de cerca de 450 mil voluntárias. São responsáveis, nas regiões onde trabalham, por 50% da redução da mortalidade infantil, e 80% da redução das hospitalizações. Com isto, menos crianças ficam doentes, o que significa que se consome menos medicamentos, que se usa menos serviços hospitalares, e que as famílias vivem mais felizes. Mas o resultado do ponto de vista das contas econômicas é completamente diferente: ao cair o consumo de medicamentos, o uso de ambulâncias, de hospitais e de horas de médicos, reduz-se também o PIB. Mas o objetivo é aumentar o PIB ou melhorar a saúde (e o bem-estar) das famílias?

 

Todos sabemos que a saúde preventiva é muito mais produtiva, em termos de custo-benefício, do que a saúde curativa-hospitalar. Mas se nos colocarmos do ponto de vista de uma empresa com fins lucrativos, que vive de vender medicamentos ou de cobrar diárias nos hospitais, é natural que prevaleça a visão do aumento do PIB, e do aumento do lucro. É a diferença entre os serviços de saúde e a indústria da doença. Na visão privatista, a falta de doentes significa falta de clientes. Nenhuma empresa dos gigantes chamados internacionalmente de “big pharma” investe seriamente em vacinas, e muito menos em vacinas de doenças de pobres. Ver este ângulo do problema é importante, pois nos faz perceber que a discussão não é inocente, e os que clamam pelo progresso identificado com o aumento do PIB querem, na realidade, maior dispêndio de meios, e não melhores resultados.                                                                      

Pois o PIB não mede resultados, mede o fluxo dos meios.

 

É igualmente importante levar em consideração que o trabalho das 450 mil voluntárias da Pastoral da Criança não é contabilizado como contribuição para o PIB. Para o senso comum, isto parece uma atividade que não é propriamente econômica, como se fosse um bandaid social. Os gestores da Pastoral, no entanto, já aprenderam a corrigir a contabilidade oficial. Contabilizam a redução do gasto com medicamentos, que se traduz em dinheiro economizado na família, e que é liberado para outros gastos. Nesta contabilidade corrigida, o não-gasto aparece como aumento da renda familiar. As noites bem dormidas quando as crianças estão bem representam qualidade de vida, coisa muitíssimo positiva, e que é afinal o objetivo de todos os nossos esforços. O fato da mãe ou do pai não perderem dias de trabalho pela doença dos filhos também ajuda a economia. O Canadá, centrado na saúde pública e preventiva, gasta 3 mil dólares por pessoa em saúde, e está em primeiro lugar no mundo neste plano. Os Estados Unidos, com saúde curativa e dominantemente privada, gastam 6,5 mil, e estão longe atrás em termos de resultados. Mas ostentam orgulhosamente os 16% do PIB gastos em saúde, para mostrar quanto esforço fazem. Estamos medindo meios, esquecendo os resultados. Neste plano, quanto mais ineficientes os meios, maior o PIB.

 

Uma outra forma de aumentar o PIB é reduzir o acesso a bens gratuitos. Na Riviera de São Lourenço, perto de Santos, as pessoas não têm mais livre acesso à praia, a não ser através de uma séria de enfrentamentos constrangedores. O condomínio contribui muito para o PIB, pois as pessoas têm de gastar bastante para ter acesso ao que antes acessavam gratuitamente. Quando as praias são gratuitas, não aumentam o PIB. Hoje os painéis publicitários nos “oferecem” as maravilhosas praias e ondas da região, como se as tivessem produzido. A busca de se restringir a mobilidade, o espaço livre de passeio, o lazer gratuito oferecido pela natureza, gera o que hoje chamamos de “economia do pedágio”, de empresas que aumentam o PIB ao restringir o acesso aos bens. Temos uma vida mais pobre, e um PIB maior.

 

Este ponto é particularmente grave no caso do acesso ao conhecimento. Trata-se de uma área onde há excelentes estudos recentes, como A Era do Acesso, de Jeremy Rifkin; The Future of Ideas, de Lawrence Lessig; O imaterial, de André Gorz, ou ainda Wikinomics,  de Don Tapscott. Um grupo de pesquisadores da USP Leste, com Pablo Ortellado e outros professores, estudou o acesso dos estudantes aos livros acadêmicos: o vslume de livros exigidos é proibitivo para o bolso dos estudantes (80% de famílias de até 5 salários mínimos), 30% dos títulos recomendados estão esgotados. Na era do conhecimento, as nossas universidades de linha de frente trabalham com xerox de capítulos isolados do conjunto da obra, autênticos ovnis científicos, quando o MIT, principal centro de pesquisas dos Estados Unidos, disponibiliza os cursos na íntegra gratuitamente online, no quadro do OpenCourseWare (OCW). Hoje, os copyrights incidem sobre as obras até 90 anos após a morte do autor. E se fala naturalmente em “direitos do autor”, quanto se trata na realidade de direitos das editoras, dos intermediários.

 

É impressionante investirmos por um lado imensos recursos públicos e privados na educação, e por outro lado empresas tentarem restringir o acesso aos textos. O objetivo, é assegurar lucro das editoras, aumentando o PIB, ou termos melhores  resultados na formação, facilitando, e incentivando (em vez de cobrar) o aprendizado? Trata-se, aqui também, da economia do pedágio, de impedir a gratuidade que as novas tecnologias permitem (acesso online), a pretexto de proteger a remuneração dos produtores de conhecimento.[1] 

Outra deformação deste tipo de conta é a não contabilização do tempo das pessoas. No nosso ensaio Democracia Econômica, inserimos um capítulo “Economia do Tempo”. Está disponível online, e gratuitamente. O essencial, é que o tempo é por excelência o nosso recurso não renovável. Quando uma empresa nos obriga a esperarmos na fila, faz um cálculo: a fila é custo do cliente, não se pode abusar demais. Mas o funcionário é custo da empresa, e portanto vale a pena abusar um pouco. Isto se chama externalização de custos. Imaginemos que o valor do tempo livre da população economicamente ativa seja fixado em 5 reais. Ainda que a produção de automóveis represente um aumento do PIB, as horas perdidas no trânsito pelo encalacramento do trânsito poderiam ser contabilizadas, para os 5 milhões de pessoas que se deslocam diariamente para o trabalho em São Paulo, em 25 milhões de reais, isto calculando modestos 60 minutos por dia. A partir desta conta, passamos a olhar de outra forma a viabilidade econômica da construção de metrô e de outras infra estruturas de transporte coletivo. E são perdas que permitem equilibrar as opções pelo transporte individual: produzir carros realmente aumenta o PIB, mas é uma opção que só é válida enquanto apenas minorias têm acesso ao automóvel. Hoje São Paulo anda em primeira e segunda, gastando com o carro, com a gasolina, com o seguro, com as doenças respiratórias, com o tempo perdido. Os quatro primeiros itens aumentam o PIB. O último, o tempo perdido, não é contabilizado. Aumenta o PIB, reduz-se a mobilidade.                                                                       

Mas o carro afinal era para quê?

 

Alternativas? Sem dúvida, e estão surgindo rapidamente. Não haverá o simples abandono do PIB, e sim a compreensão de que mede apenas um aspecto, muito limitado, que é o fluxo de uso de meios produtivos. Mede, de certa forma, a velocidade da máquina. Não mede para onde vamos, só nos diz que estamos indo depressa, ou devagar. Não responde aos problemas essenciais que queremos acompanhar: estamos produzindo o quê, com que custos, com que prejuízos (ou vantagens) ambientais, e para quem? Aumentarmos a velocidade sem saber para onde vamos não faz sentido. Contas incompletas são contas erradas.

 

Como trabalhar as alternativas? Há os livros mencionados acima, o meu preferido é o de Jean Gadrey, foi editado pelo Senac. E pode ser utilizado um estudo meu sobre o tema, intitulado Informação para a Cidadania e o Desenvolvimento Sustentável. Porque não haverá cidadania sem uma informação adequada. O PIB, tão indecentemente exibido na mídia, e nas doutas previsões dos consultores, merece ser colocado no seu papel de ator coadjuvante. O objetivo é vivermos melhor. A economia é apenas um meio.                 

É o nosso avanço para uma vida melhor que deve ser medido.

 

Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “Democracia Econômica”, “A Reprodução Social: propostas para uma gestão descentralizada”, “O Mosaico Partido: a economia além das equações”, “Tecnologias do Conhecimento: os Desafios da Educação”, todos pela editora Vozes, além de “O que Acontece com o Trabalho?” (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea  Economia Social no Brasil“ (ed. Senac) Seus  numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social, inclusive o artigo Informação para a Cidadania mencionado acima, estão disponíveis no site   http://dowbor.org – Contato ladislau@dowbor.org    

 


[1] O material do MIT pode ser acessado no site www.ocw.mit.edu;

Published in: on 27/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

I Conferência Nacional do FIB – Felicidade Interna Bruta

                                                                Dasho Karma Ura

                                                                    Brasil / 2008

 

 

 Temos que proceder a realinhamentos possíveis que orientem a um desenvolvimento que promova um real estado de bem estar para as populações.

O Brasil não sabe administrar a Amazônia e isso o coloca no podium, junto com a China e os USA, dos maiores emissores de gases poluentes.

A destruição dos mananciais é medida como progresso pelo PIB .

O PIB – Produto Interno Bruto – como mecanismo de medir o desenvolvimento da sociedade não é bom porque parte da idéia de que o econômico é o índice que conta e é predominante sobre o cultural, social e espiritual –                    a ditadura deste fator oprime a humanidade.

Deficiências do PIB :

 

1) faltam distinções qualitativas

2) consumo X conservação

3) não mede capital natural, humano e social

4) subestima tempo de lazer e trabalho não remunerado

 

Na experiência do FIB no Butão, a felicidade e o bem estar de todos é o propósito da governança.

A gestão equilibrada do tempo é parte desta experiência apoiada pela ONU.

Os pilares do FIB no Centro de Estudos do Butão são :

 

1) acesso à cultura

2) proteção ambiental

3) vitalidade comunitária

4) boa saúde

5) bom padrão de vida econômica

6) boa governança

7) educação de qualidade

 

O índice do FIB tem 73 Indicadores para medir a sociedade no Butão.

Os Indicadores, que são uma forma de quantificar as variáveis para uma avaliação, devem refletir fatores verdadeiros.

Felicidade, Bem Estar ,Satisfação com a Vida , Segurança, Confiança, são Indicadores de Avaliação de como o progresso está acontecendo neste país.

Precisamos de critérios para implementar programas, como por exemplo, “ a felicidade coletiva é a meta de uma sociedade de FIB ”.

Bem estar psicológico também é um indicador que por sua vez tem sub grupos de indicadores que são as emoções positivas, como a compaixão e a calma interior, e indicadores negativos, como a raiva e a inveja.

Outro indicador é o tempo diário voltado ao trabalho que deveria ser de 6 hs.

O Butão é o líder mundial no índice de preservação ambiental.

Published in: on 17/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

FIB- Felicidade Interna Bruta no Mundo Ocidental

                                                                Michael Pennock

                                                                        29/10/08                                  

 

 

No mundo ocidental o interesse e estudos no

FIB – Felicidade Interna Bruta – aumentaram nos últimos 15 anos.

 

A prosperidade leva embora o senso de comunidade, de felicidade.

 

A crença que liga prosperidade à bem estar é uma ilusão.

 

As noções básicas de progresso precisam se repensadas e redefinidas.

 

O equilíbrio deve existir entre os fatores que geram felicidade, pois é problemático enfatizar qualquer fator em separado, seja saúde, meio ambiente, capital social, ou desenvolvimento econômico.

 

A concentração de recursos em apenas um fator leva ao desequilíbrio.

 

O FIB nos proporciona uma estrutura que contempla todos os fatores onde a primazia é o bem estar e harmonia da população.

 

O CIW – Índice Canadense de Bem Estar, é inspirado no FIB.

 

É de suma importância contemplar aspectos objetivos e subjetivos de uma comunidade para mensurar e criar indicadores.

 

O FIB deveria ser promovido dentro das jurisdições de cada país.

Published in: on 17/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

Economia Sustentável

                                                                                                                                                    Ladislaw Dowbor

                                                            29/10/2008   Brasil

 

O que se produz hoje no planeta permite que cada indivíduo viva com dignidade.

 

Porém o que produzimos é planejado para 1/3 da população mundial.

 

Estamos produzindo um monte de coisas que não precisamos.

 

O que o mercado criou em termos de prioridades é patológico.

 

Essa crise financeira atual é uma oportunidade.

 

Produzimos inutilidades.

 

Um processo social participativo é fundamental para a construção de indicadores verdadeiros que expressem as reais necessidades de um povo.

 

O PIB – produto interno bruto – é uma técnica de cálculo errada, e a conta do país é feita em cima disso.

 

O conjunto de dilapidação de bens planetários se chama produto e isso é o PIB.

 

Temos que buscar a humanização desses processos políticos e econômicos que regem o planeta.

 

A atividade que mais contribui para o PIB no Brasil é a criminalidade e isso tudo é impulsionado pelo medo.

Published in: on 17/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

Forças da Ressureição – peso e leveza

 

O Gólgota até o domingo de Páscoa é um evento em si,

como se os deuses sustentassem a respiração.

No domingo de Páscoa, a leveza venceu o peso, as forças da ressurreição venceram.

Cristo , com sua ação, conseguiu indicar um rumo, mas cada alma, nessa luta entre a leveza e o peso, tem que fazê-lo.

A partir do momento que a alma não tem a orientação do espírito, ela cai no peso. O ano de 860 , quando no Concílio se aboliu o espírito, foi um atuar arimânico.

A lógica causal é o grande triunfo de Ahriman ; ela é retirada de um mundo que não conhece mais desenvolvimento, onde não há mais metamorfoses e tudo está fixado, parado, morto. Conhecendo-se as leis, consegue-se dominar esse mundo. Esse é o mundo do “se isso, então aquilo”, onde o homem está condicionado pela sua hereditariedade por um lado, e pelo seu ambiente de outro. Com essa maneira de pensar, o homem se torna técnico-mecanicista em um sistema fechado, um pensar que se exercitou em um mundo morto.

Quando não há mais espaço de liberdade, como não mais se pode vivenciar um sentido nesse mundo causal, então a alma cai no peso.

Tudo hoje em dia se torna problema, e problemas sempre são pesados, e somos amarrados pelas coisas escuras. Aquilo que cai na matéria, onde domina o peso, fica separado espacialmente, e as pessoas que caem neste mundo com a alma, também vivenciam essa separação, não encontram a ponte para o outro. Entropia social é uma tendência onde o social vai se decompondo em sua menor unidade, o homem.

O fenômeno do medo é, ao lado destes aspectos anteriores, aquele que colabora para o peso. Onde a alma não enxerga mais a luz, ela enxerga a escuridão e lá está o medo. 

Quando não se consegue ver sentido ou luz no futuro, vem o medo, que é uma das forças dominantes da nossa época.

Portanto, os fatores arimânicos que contribuem para o peso da alma são :

 

1)     quando tudo se torna problema ; 2) entropia social ;

3) medo.    

 

Mas Lúcifer também contribui para o peso da alma.

Ele é o Ser que também quer segurar o passado, mantê-lo transformado no tempo atual, e disso pode surgir um imenso peso. Por exemplo, o peso da tradição, da continuidade de uma antiga hierarquia, a conservação de velhas formas jurídicas, a burocracia, que é um cobertor de chumbo, etc. Finalmente, pessoas que sofrem com um passado não metabolizado, que sofrem sob o sentimento de culpa.

 

Ao mesmo tempo, Lúcifer oferece uma saída, uma leveza enganosa como as drogas, o álcool, a tv, um caminho e uma solução fácil e “leve”.

O resultado destas saídas, a gente só sabe depois, com a ressaca destes caminhos. E o cotidiano então, pesa, e chama com saudade, mais saídas desta natureza, gerando escuridão.

O que significa lutar para conseguir vencer o peso com a leveza que não é luciférica ?

Uma imagem que nos é dada, é a imagem do próprio homem, que está posicionado sobre a Terra, mas que com o seu andar ereto, vence o peso.

O segredo de se manter no peso e buscar a leveza pode ser visto no pé, que no meio tem aquela ponte maravilhosa, onde o homem se coloca.

Neste sentido, no físico, já conseguimos vencer o peso com a leveza, mas, na alma, precisamos conquistar.

O caminho de iniciação antroposófico é um caminho crístico arquetípico, que pode nos levar ao reino da leveza, mas, que apesar disso, se liga ao mundo do morto. Esse caminho parte do pensamento moderno intelectual ; essa iniciação também se liga às impressões sensoriais externas e leva o pensar intelectual um passo além, reforçando o pensar vivo em lugar das representações meramente intelectuais. Com isso, liberta o pensar do cérebro morto e abre caminho para um pensar vivo, incorpóreo.

Aumenta também, a capacidade de percepção.

Podemos perfeitamente falar de uma ressurreição desse pensar morto, e quem caminha por essa via, vivenciará a leveza,o acordar do Eu no etérico. Mas esse acordar não significa uma vontade de se desfazer do peso, ao contrário, ocorre uma intensificação de levar essa leveza para o mundo.

No campo social, isso significa criar formas não hierárquicas, onde as pessoas podem voltar a respirar e serem ajudadas a elas mesmas vivenciarem sua leveza.

Na agricultura biodinâmica, Rudolf Steiner deu orientações para “eterizar”   a Terra, onde ela é elevada novamente para sua esfera vital própria.

Na medicina, através da dinamização dos medicamentos, a matéria é vencida, e o medicamento levado à leveza.

Quais as características anímicas das pessoas que conseguem a leveza ?

Uma alma dessa, tem uma certa abertura para o outro, interesse por tudo o que é novo, não tem preconceitos ; ela tem aquela mobilidade interior para observar os fenômenos a partir dos mais diversos lados, e, por outro lado, tem a capacidade de unir modos de pensar os mais diversos. Todos os dogmas e sectarismos lhe são desconhecidos.

Outra característica dessa alma, é uma capacidade lúdica, principalmente no âmbito social ; ela evita de se fixar em soluções já existentes, não se afunda em posições já fixadas, não tem procedimentos previstos, e tem uma fantasia social onde, nos conflitos, sabe levar as coisas ao movimento, ou seja, um artista social segundo Schiller.

Uma terceira característica de uma alma dessas seria uma capacidade de reformular problemas e torná-los novas chances.

A quarta capacidade de uma alma leve é o humor,sem ele tudo cai no peso.

A quinta e última capacidade é a alegria ; uma alma que conseguiu conquistar a leveza, com certeza tem alegria dentro de si, mesmo que essa alegria foi conquistada através de estados de doença e muito sofrimento.

Alegria não é divertimento, é uma conquista da alma sobre o peso, e por isso passa a ter uma qualidade toda especial e isso está em uma oposição grande às almas pesadas que poluem o mundo com o seu mau humor, o descontentamento, críticas e problemas.

A alegria de uma alma leve é uma certeza interior.

 

                                                          Alexander Boss

Published in: on 13/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

A Nova busca da Espiritualidade

 

De onde provém esta busca ? Aonde leva esta busca ? Qual a diferença entre antiga e nova espiritualidade ?

Os guardiães do Graal, os Templários, os Rosacruzes, os Teósofos, eram círculos pequenos de pessoas que trabalhavam na clandestinidade para a manutenção do espírito vivo em meio ao incremento do materialismo.

A Bíblia profanou o Cristo reduzindo-o ao homem Jesus.

Estamos imersos em um drama com dois aspectos : um interior e outro exterior.

 

O Interior : a alma não agüenta viver tendo por conteúdo o materialismo, ela não é capaz de se nutrir a partir de representações materialistas por muito tempo. Isso leva a tentativas de fuga para fugir do vazio, como o álcool, drogas, tv, sensações de todo tipo.

Por outro lado, o vazio dá margem à busca de um sentido, da espiritualidade.

 

O Exterior : tem a ver com o fato de que os homens descobriram que o materialismo criou a tecnologia, a indústria, e isso exige uma intensificação máxima das capacidades morais. Exige a capacidade de trabalhar juntos. A tecnologia oferece perigos ecológicos e isto exige um incremento nas capacidades morais.

O materialismo que produziu este mundo não encerra em si as fontes para alimentar essas qualidades morais.

Essa realidade também pode levar as pessoas à busca de uma espiritualidade.

 

Como discernir entre um velho e um novo caminho da espiritualidade ?

 

Critérios :

 

1o : tem a ver com  consciência e liberdade ; um caminho para a nova espiritualidade só pode ocorrer se passar pelo portal do materialismo e para isso, precisamos intensificar o pensar claro e livre.

2o : tem a ver com o caminho através do limiar entre o mundo físico e o mundo espiritual.

3o : o caminho iniciático não deve nos levar para fora da Terra, mas sim nos tornar capazes de viver a vida.

 

Um novo caminho deve resolver os dois dramas descritos anteriormente :  o interno e o externo.

Novos pontos de vista devem ser produzidos para uma pedagogia, medicina, terapia, economia, agricultura, etc…

Uma espiritualidade a partir de individualidades que querem agir a partir do Epírito.

Ela utiliza o homem inteiro nesse caminho.

A nova espiritualidade em sua essência é profundamente cristã, porque conduz da morte à ressurreição através do portal do materialismo, não desvia dele, mas procura redimi-lo.

As Hierarquias Espirituais que eram as fontes da velha espiritualidade se recolheram para abrir espaço para a consciência autônoma do ser humano livre.

 Essas Hierarquias não conhecem a morte, apenas o ser Cristo que desceu para experimentar o portal da morte.

Aquilo que os homens desenvolvem passando pelo materialismo é novo para as Hierarquias, um presente dos homens para os deuses.

Vivemos uma transição dramática que tem a ver com uma re orientação abrangente da humanidade.

                                                                                                    

                                                                                     Alexander Boss

Published in: on 02/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

Nono Setênio – 56 a 63 anos

Os mesmos órgãos dos sentidos que foram as portas para a entrada na vida terrestre no 1º setênio, vão, aos poucos, se tornando portas de saída ; não se vê, nem se ouve tão bem como antigamente, o paladar já não consegue sentir direito o gosto dos alimentos, os cheiros e as texturas não são mais sentidos tão intensamente.

A vida começa a dar sinais de que o ser humano têm agora que ir-se voltando para dentro de si mesmo , internalizar-se, desenvolver os sentidos espirituais.

O portal de comunicação com o mundo externo começa a se fechar.

Como um eremita, a partir desta fase, necessitamos da auto reflexão na busca da nossa essência, para o desenvolvimento de intuições a partir da força do amor que torna-se então a representante  do verdadeiro e supremo conhecimento.

O 56º ano de vida traz uma brusca mudança que é sempre crítica, pois penetra-se numa esfera onde tudo parece ter que morrer para depois ressuscitar de uma forma muito sofrida.

Por vezes tem-se a sensação de fracasso de tudo aquilo que se desejou, e que nada do que se almejou foi alcançado.

Questiona-se muito o que se realizou no passado, e se torna importante avaliar o que ainda deseja realizar, o que pode e o que não pode mais ser realizado pela própria condição desvitalizadora, pelo tempo.

Certos cuidados se fazem muito importante, como a estimulação da memória, mudanças de hábitos, recursos criativos.

O trabalho é importante na vida, mas não deve ser a única fonte de realização pessoal. Pessoas excessivamente voltadas para o trabalho tornam-se resistentes às mudanças, perdem a visão global, sentem-se ameaçadas e, muitas vezes, são menos produtivas e criativas do que aquelas que possuem outras fontes de realização.

Aquelas que, além do trabalho, lecionam, tocam algum instrumento, freqüentam outras atividades e amigos, realizam viagens com certa dose de aventura, se dedicam a um hobby, praticam esporte, escrevem textos, crônicas ou livros, enfim, são pessoas com uma visão do mundo, de seu trabalho e da própria vida muito mais rica e feliz.

Caminhando para a terceira idade, e mais livre dos compromissos da 1ª e da 2ª, temos a chance de rever o que ficou de lado e que, com freqüência, dá novo sentido à vida. Entregar-se ao que pede para ser vivido com satisfação, de maneira renovada, e ao mesmo tempo, livrar-se do inútil e supérfluo que se carrega por hábito.

Inclusive de preconceitos, pois vivemos em uma época com tantos recursos para a renovação do corpo e da alma, que deveríamos fazer bom uso do livre arbítrio e decidir que rumo tomar no caminho do amor, do encontro com outros seres humanos, da alegria de viver.

Como tudo no Universo está em constante transformação, e nada é estável e permanente, somente existe possibilidade de evolução onde há possibilidade de mudança.

Após os 63 anos, o ser humano vai, cada vez mais se libertando das leis e ritmos do destino.

O envelhecer vai chegando com o florescimento interno que é percebido no olhar do idoso que vive muito mais em uma realidade supra sensível do que sensível – para além dos sentidos.

O corpo vai ficando mais leve e transparente, o espírito se torna mais visível, os“ avós ” irradiam aquela força onde o sol interior consegue aparecer.

Texto elaborado a partir das palestras de Gudrun Burkhard

Seminários Biográficos – Artemísia /SP

Published in: on 02/04/2009 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

Oitavo Setênio – 49 a 56 anos

A entrada nos 50 anos equivale à época mediana do desenvolvimento do espírito, e por isso mesmo, para aquele que vive espiritualmente, a mais tranqüila e produtiva da vida.

As forças, que na fase anterior estavam se desprendendo da região metabólica e dos órgãos correspondentes, estão agora se libertando da área mediana do corpo, coração e pulmão, e se dispondo para uma moralidade e uma ética de qualidade superior, refinada, mais humanizada.

É a época da vida denominada jupteriana, pois possibilita uma visão mais ampla e geral da própria estória, do desenvolvimento da humanidade, do sentido das coisas, da existência.

Os valores pessoais deveriam agora dar lugar a valores mais humanitários, e a preocupação se concentrar na família universal e não apenas na individual.

Dependendo da evolução do ego do indivíduo, ele pode dispor da sua sabedoria para o mundo, ou continuar apegado às próprias necessidades ou às do grupo familiar, desconhecendo a maravilha que é colocar seu patrimônio interior a serviço da mundo.

É a fase do pai e da mãe universal.

Como esta fase espelha fisiologicamente o setênio 7 a 14 anos, o elemento do ritmo tem de ser priorizado, e os órgãos rítmicos, assim como o ritmo cotidiano, têm de ser cuidados , preservados e respeitados.

É comum o aparecimento de problemas respiratórios, principalmente se a relação respiratória com o mundo foi difícil na pré puberdade ; stress e enfarte também ocorrem.

Deve-se procurar um novo ritmo biológico mais adequado às características físico emocionais.

A vida nos ensina nesta época uma nova audição, temos a possibilidade de ouvir a voz do coração para esta renovação ético / moral que agora é propícia.

No concreto, neste período ocorrem as aposentadorias, o que por sua vez traz o sentimento de inutilidade e vazio.

Há que se preparar para esse momento e refletir no que se fará após, planejar a vida para o depois desse acontecimento, afim de não ser uma passagem muito brusca que pode assustar e levar o indivíduo a exceder no trabalho para ainda se sentir útil e não velho, impotente, incapaz.

A sociedade como um todo ainda valoriza muito a força biológica e não tem olhos e condições de discernimento para as capacidades de liderar dos 50 anos, e, sobretudo, de abençoar, principalmente aqueles que puderam, entre 7 e 14 anos, aprender a venerar.

Texto elaborado a partir das palestras de Gudrun Burkhard

Seminários Biográficos – Artemísia /SP

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Sétimo Setênio – 42 a 49 anos

Como um novo recomeço,a entrada nesta fase traz a vivência interna de que algo novo necessariamente há de vir .

Percebe-se que, como está, não dá para ficar ou continuar, e que a vida dá sinais de grande mudanças, as pessoas sentem algo de novo em si.

O princípio desta fase coincide com o final do período mais quente e ensolarado da vida, a saber,os últimos 20 anos ;

os próximos setênios correspondem ao desenvolvimento da natureza espiritual do homem, assim como o período anterior ao desenvolvimento da alma,e o primeiro,ao desenvolvimento físico.

A entrada nos 40 traz, quase que inevitavelmente, uma crise existencial, e como é uma fase que espelha fisiologicamente os 14 – 21 anos, vários fatores da adolescência influenciam nesta época. Eclode uma necessidade de rejuvenescimento que pode tomar as mais variadas formas na mulher e no homem.

A desvitalização do corpo físico gera medos reais do envelhecimento e da morte. As mulheres, próximas da menopausa, percebem que o corpo não é mais rijo como antes, que o rosto fica enrugado de um jeito difícil de dissimular, e então as plásticas imperam.Os homens sentem que as pernas afinaram, que a barriga cresceu muito,e então o Cooper e as academias de ginástica e musculação desempenham seu papel.

A preocupação com a perda da beleza física e da sexualidade existe, podemos cuidar de manter o corpo bonito e sadio porque é ele o instrumento espiritual na Terra, mas os artifícios para a manutenção física não deveriam impedir ou tomar o lugar da beleza interior.

As forças desprendidas dos órgãos sexuais e da reprodução podem ser metamorfoseadas em criatividade, o elemento central dessa fase, imagens criadoras, renovadoras.

Além dos artifícios para a manutenção do corpo físico, existem também os artifícios que emergem como saída para a manutenção da vida emocional, que são o álcool e a cocaína.

Com a sensação de perda de força e de morte, o ser humano, nesta etapa da vida, pode ter muitas depressões e se apegar ao que é velho e conhecido no trabalho, nas relações familiares e pessoais, numa tentativa de manter intacto o que já têm .

As mudanças que a vida pede, geram muitas inseguranças que impedem o indivíduo de abrir mão do que é velho, como valores, preconceitos, papéis, e ir de encontro ao renascimento que o espera .

É com muita dificuldade e sofrimento que esta etapa é transposta para conseguirmos vislumbrar os frutos que possuímos para doar.

A resistência a mudanças impede o indivíduo de desenvolver talentos que ficaram para traz, tesouros que ficaram escondidos, e reativá-los.

E para complicar a falta e os excessos desta fase, há a questão do sósia, da sombra, daquilo que encarna no parceiro, no patrão, nos filhos, enfim,que é tão difícil de lidar, porque está diretamente ligado aos aspectos pessoais não resolvidos, não integrados.

As forças do sósia se tornam extremamente intensas em torno dos 40 anos. São aspectos para os quais somos levados a hostilizar, ou nos identificar cegamente, por uma força que se ergue em nós. Em geral, nos confrontamos com o sósia do outro, já que a própria sombra é difícil de ver.

Assim, grandes confusões, agressões e descasamentos acontecem, porque as relações ficam contaminadas por aquilo que se vê no outro, que é profundamente unilateral – algo expurgado daquilo em nós que não admitimos, não conseguimos lidar, mais o do outro.

Projetamos nossos aspectos indesejáveis e/ou renegados no outro, e somos vulneráveis à sua sombra – seus vícios, manias, defeitos, enfim.

Se não trabalharmos conscientemente na relação, e procurarmos ver a essência do outro, sua inteireza, o sósia, ou seja, a soma de todas as qualidade negativas, comanda.

Temos que nos esforçar para integrarmos nossa sombra à nossa personalidade, e não alimentá-la, deixando que a força da raiva, da inveja, do desprezo, dominem a situação.

Há que se desenvolver muita calma interior !

Devemos ter em mente que tudo o que fazemos contra a vontade é alimento para o sósia.

E fica, então, difícil reconhecer nele uma oportunidade para a transformação de seu conteúdo.

A sombra e a luz são condições inerentes à existência humana, e uma, certamente, não existe sem a outra na vida terrena.

Texto elaborado a partir das palestras de Gudrun Burkhard

Seminários Biográficos – Artemísia /SP

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