O Ouro do Firmamento

Em seu livro “Homo Deus: uma breve história do amanhã, ”, o historiador Yuval Harari faz uma profunda análise sobre a época atual e a direção que a humanidade toma ao delegar seu poder de decisão às redes tecnológicas.

Segundo ele, nossa inteligência está se apartando da consciência e a informação poderá destruir a liberdade humana.

Em seu perfil no Instagram, ele postou esta semana a seguinte frase: “Para cada dólar e cada minuto que investimos em aprimorar a inteligência artificial, seria sábio investir um dólar e um minuto no avanço da consciência humana”.

Um outro pensador contemporâneo, igualmente brilhante, mas com diferentes pressupostos, recoloca a ética e os valores humanos bem no centro das nossas vidas. Em seu livro “ Deus não está morto”, Amit Goswami se baseia na física quântica para a comprovação da existência de Deus. Propõe o uso do poder desse conhecimento para a transformação pessoal e da sociedade. A fusão entre ciência e espiritualidade.

A união da ciência com a espiritualidade, incluindo a arte, é uma concepção e uma atividade da Antroposofia já desde seu nascedouro com Rudolf Steiner.

Assim, a parte que nos cabe é tornarmo-nos ponte entre as vertentes humanistas e suas práticas, no cotidiano de um mundo adverso. Buscarmos no dia a dia o alinhamento com a nossa essência .

Essa conexão pode se manifestar em diversas situações, seja contemplando a alegria de uma criança entrando no mar, num show de rock com milhares de pessoas cantando em uníssono sob um céu estrelado, em ações solidárias a pessoas atingidas pelas enchentes, assobiando na rua.

“Ouro do Firmamento” é o título de uma pintura de Joan Miró e ilustra uma galáxia.

Ouso dizer que vejo seres humanos nessa composição celeste.

Eliane Utescher          Psicóloga / Terapeuta Biográfica

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Published in: on 02/05/2023 at 7:30 p05  Deixe um comentário  

Reflexões sobre o Fenecer

O Dia de Finados que comemoramos no dia 2 de novembro, é celebrado em muitas culturas em dias específicos, sob diferentes religiões e rituais. Foi instituído pelo cristianismo no século X para que os vivos, pela da oração, ajudassem na purificação da alma dos falecidos.

Independentemente da tradição de cada país, todos fazem uma conexão com a impermanência e a finitude. Paradoxalmente, aqueles que amamos não findam em nossas vidas, pois se tornam eternos em nossos corações.

No luto podemos honrar as lembranças. Para seres humanos, portadores de almas plenas de pensamentos e sentimentos, a morte é imortal.

A pesquisadora e médica Elizabeth K. Ross diz que a morte não é outra coisa senão uma transição frente a outros estados de consciência. Em” A Roda da Vida”, ela revela experiências que a levaram a conhecer o devir da vida pós mortem, e assim deu início ao movimento de ética e dignidade ao término deste ciclo. Com seus seminários, ajudou pacientes a resgatar uma existência mais plena e autêntica.

O Processo Hoffman de cura emocional, validado por universidades internacionais de Medicina e Psicologia, nasceu do compartilhamento de conhecimentos entre dois pesquisadores da psique. Um deles, o Dr. Siegfried Fisher, já se encontrava em um estágio da consciência além do limiar da morte.

O Processo Biográfico, inspirado nas orientações de Rudolf Steiner, e desenvolvido no Brasil pela médica Gudrun Burkhard, tem sua fundamentação na primeira etapa que a alma percorre logo após a morte física onde vê sua vida inteira retrospectivamente. O objetivo deste trabalho é, em antecipando em vida esta visão panorâmica, criar um estado mais desperto de consciência que nos conecte à verdadeira Identidade Espiritual.

A imagem que ilustra esse post, A Vida e a Morte, de Gustav Klimt, convida à reflexão sobre o tema. Ao olha a obra, composta por um mosaico que se divide em dois, percebemos que ambas as partes são completamente encaixáveis, um se acopla à outra.                                                 

Morte e vida, um moto contínuo complementar.

Eliane Utescher

Psicóloga  /  Terapeuta Biográfica

Published in: on 07/11/2022 at 7:30 p11  Deixe um comentário  

Sobre o Perdão

Do ponto de vista da clínica em Psicologia, sabemos que o paciente se torna o agente de sua própria estória quando vai sendo capaz de perdoar a si mesmo e/ou a outros que lhe causaram algum sofrimento. É uma ação verdadeiramente libertadora.

Vontade, esforço e tempo são fatores essenciais na longa jornada em direção ao perdão, que é, ao lado do amor, o mais elevado dos sentimentos. E por isso mesmo, da ordem de uma consciência mais refinada, de um ego que se lapida para aportar um Eu superior.

De acordo com sua etimologia, a palavra “perdonare”, do latim, significa doar. “Per”, por inteiro, e “Donare”, dar.

Em um processo psicoterapêutico encorajamos o indivíduo a caminhar rumo ao seu centro, para lá encontrar sua própria identidade essencial, íntegra, única capaz de congraçar ambivalências, opostos e paradoxos.

Vários são os aspectos que entram em jogo no caminho do perdão, como a confiança, a culpa, o ressentimento, a vingança, o sentimento de traição. A alma percorre muitas etapas em busca de conciliação consigo mesma.

Em sua extensa pesquisa sobre a traição, o psicólogo James Hillman conclui que, assim como a confiança contém em si a semente da traição, esta, por sua vez, contém a semente do perdão. Ressalta a importância do lado sombrio das experiências como condição sine qua non para o desenvolvimento da nossa humanidade.

Para Rudolf Steiner a evolução espiritual não se manifesta pela capacidade de armazenar conhecimentos, declamar verdades ou fazer milagres, mas pela capacidade de corrigir os próprios erros. 

Aos interessados em se aprofundar nos fundamentos espirituais sobre o tema, sugiro a leitura do livro “O Significado Oculto do Perdão” de Sergei Prokofieff.

A imagem que ilustra esse post foi concebida pelo ucraniano Alexander Milov. Ela representa o conflito entre dois seres humanos, assim como a expressão interior da natureza humana: os adultos em posição antagônica, enquanto a criança interior só quer perdoar e amar.

Eliane Utescher

Psicóloga / Terapeuta Biográfica

agosto 2022

Published in: on 12/08/2022 at 7:30 p08  Deixe um comentário  

Humano

O Homem Vitruviano , Leonardo Da Vinci

Segundo o Wikipédia, “humano” é um termo que deriva do latim, “homem sábio”, cujo desejo de compreender e influenciar o meio ambiente levou ao desenvolvimento da ciência, da filosofia, religião, entre outros campos.

Os desafios da nossa época têm sido um enorme laboratório de observação para o entendimento da natureza humana, do quão sábios de fato nos tornamos desde o advento do homo sapiens. Somos colocados cotidianamente à prova no quesito humanidade quando assistimos, em tempo real, às guerras, devastação da natureza, e populações inteiras em estado de privação.

Qual conexão estabelecer com aquilo que nos impacta? O que, e como pensar, sentir e agir perante tamanha fragilidade? Onde encontrar as forças que nos impulsionem a evoluir enquanto seres humanos?

As diferentes culturas, com suas histórias, contos e lendas, podem nos servir de guia. Entre seus pontos em comum, encontramos sempre personagens que atravessam uma jornada de bravatas no mundo e consigo mesmos, na construção da dimensão humana.

Em seu livro “É próprio do Humano”, o historiador brasileiro Dante Gallian nos brinda com uma bela e profunda visão do caminho de desenvolvimento da alma, inspirado no personagem de Ulisses, da Odisseia de Homero. Através de uma análise minuciosa sobre o arquétipo deste herói, vamos observando o vir a ser Homem. Assim como a fé, a esperança e a coragem, é próprio do humano vivenciar dúvidas e fraquezas.

A escritora norte-americana Brenè Brown tornou-se mundialmente conhecida por seus livros e pesquisas sobre a vulnerabilidade humana. Para ela, a coragem acontece quando experimentamos situações de incerteza, risco e exposição. Quando aceitamos e abraçamos nossas fraquezas, desenvolvemos empatia e crescemos em humanidade.

Talvez a consciência da imperfeição da nossa esfera terrena desperte em nós a porção divina. Se assim for, a fragilidade da nossa espécie carece de um maior acolhimento.

Falando sobre um futuro que já chegou, Rudolf Steiner nos estimula a ter confiança na ajuda do mundo espiritual, mas temos que fazer a nossa parte: “Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar”.

Eliane Utescher

Psicóloga / Terapeuta Biográfica

03/06/2022

Published in: on 06/06/2022 at 7:30 p06  Deixe um comentário  

Em Busca da Verdade

Em alguns países ocidentais, como o nosso, hoje é comemorado o Dia da Mentira. Contudo, nos tempos atuais, a disseminação de informações sem nexo e inverídicas se tornou tão frequente, que prescinde uma data especial.

Penso que o desafio é justo fazer uma reflexão sobre a Verdade e o que possa ser considerado verdadeiro em um mundo sobremodo materialista, à beira do metaverso, pós- pandemia e novamente em guerra.

Como compreender esse tema em uma época em que o individualismo se acentua cada vez mais, o direito às liberdades individuais é fortemente reivindicado e cada um privilegia a sua própria verdade em detrimento de qualquer outra?

Do ponto de vista da evolução, parece que precisamos desenvolver novas habilidades sociais e depurar nossos sentidos; assim teremos como distinguir melhor entre o falso e o autêntico no caminho do aprimoramento enquanto seres humanos.

O valor da Verdade, nesse sentido, está diretamente relacionado ao grau de consciência com o qual percebemos e nos relacionamos conosco mesmos e com os demais habitantes da nossa casa, a saber, a Terra.

É consenso na filosofia, na ciência, e inclusive no âmbito religioso, que a Verdade é o que nos fortalece e liberta.

Talvez o campo das artes e da espiritualidade possa ampliar um conceito tão controverso. Nas palavras de Lya Luft “..para viver a verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado, e amar, e amar-se”.

A verdade tem voz na expressão do Dalai Lama quando ele nos incita a falar a partir dela, seja ela qual for, libertos de qualquer preconceito ou hostilidade.

E, se quisermos elevar o presente ensaio a uma esfera mais sutil, podemos contemplar as sublimes imagens sobre a origem e a criação do mundo no texto de Rudolf Steiner intitulado “A Evolução do ponto de vista do verdadeiro”.

Eliane Utescher   

Psicoterapia  /  Terapia Biográfica

“Novo Mundo”, Anja Ro Zen
Published in: on 05/04/2022 at 7:30 p04  Deixe um comentário  

Os Pilares da Criação

Os pilares da criação

Os ritos de passagem na civilização sempre marcaram momentos significativos. Rituais ligados ao nascimento, à morte, casamentos, fases da natureza, do tempo.

Em maior ou menor escala, todos nos encontramos entre o cansaço do fim de mais um ano demandante e o entusiasmo pelo início de um novo ciclo. Partícipes de uma cultura acelerada e intensa, oscilamos entre o  esgotamento dos nossos recursos e a renovação de forças para seguir adiante.

Perante o mundo atual, mesmo antes da pandemia, vivenciamos certa desilusão com o passado e uma enorme falta de confiança no futuro. No vai e vem do que já foi e o que ainda está por vir, o presente se encontra asfixiado. Tal qual o mundo presencial. E a presença de espírito.

Para o filósofo Byung-Chul Han, a sociedade contemporânea vive um excesso de estímulos, informações e produtividade. A premência por desempenho é a principal razão para a ocorrência de doenças como ansiedade, depressão, transtornos de personalidade e burnout.

Tamanha pressão tem conduzido seres humanos à exaustão, e ao que ele denomina “infarto da alma”.

Segundo os autores do livro “Esperança Ativa”, de Joanna Macy e Chris Johnstone, para interromper o atual desmantelamento dos nossos sistemas biológico, psicológico, ecológico e social, precisamos ativar nosso senso de propósito e de conexão com a teia da vida e uns com os outros.  É necessário irmos na direção de uma civilização que sustente a existência e que seja compatível com processos de regeneração.

Na clínica terapêutica, acompanhamos indivíduos em busca de um caminho que supere a insegurança, o medo de não serem capazes de se transformarem na melhor versão de si mesmos.

A foto que ilustra este post, é um convite para que elevemos nosso olhar ao alto e lá busquemos inspiração para encontrar o genuíno rumo do destino humano. É a imagem de uma nebulosa do espaço sideral, de onde germinam novas estrelas.

Eliane Utescher  

Psicóloga   /  Terapeuta Biográfica

21/01/2022

Published in: on 10/02/2022 at 7:30 p02  Deixe um comentário  

O Poder da Consciência

Vitória da Samotrácia

Conectar-se consigo mesmo, à mais íntima, profunda e essencial substância da própria Identidade, ativa a dimensão espiritual da vida.

No atual estágio de desenvolvimento da nossa consciência, ainda precisamos de muitos recursos para criar e sustentar um estado mais desperto e genuinamente humano. Oscilamos entre as instâncias mais primitivas do ego e as mais refinadas do Self.

O “pós pandemia”ainda é muito recente e será preciso um tempo para avaliarmos com precisão os efeitos dessa crise para a evolução da consciência sobre nós mesmos, sobre o outro, sobre a Terra.            

Todavia, experimentamos, em menor ou maior escala, uma espécie de torpor que distorce a percepção para o que somos, o que éramos e o que poderemos vir a ser. Passamos a fase aguda do trauma, mas ainda apresentamos reações e transtornos da síndrome pós-traumática.

Grandes humanistas, na Ciência, na Arte e na Filosofia, representam um providencial farol que pode iluminar nosso caminho.

Para o psicólogo croata Mihaly Csikszentmihalyi, autor da teoria do flow (fluxo), o significado da vida para uma pessoa, é qualquer coisa que seja significante para ela. Neste estado anímico, ela se sente totalmente presente, envolvida com prazer e foco no que está realizando e com a sensação de ser parte de uma entidade maior.

Na atual Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a Cop 26, assistimos ao empenho por acordos que visam reverter os danos ambientais que a civilização causou ao planeta. A Terra é um organismo vivo e assim como nós, em processo, nada está finalizado ainda ou fadado a colapsar, mas urge uma tomada de consciência coletiva.

No alto de uma escadaria, no museu do Louvre, encontra-se em destaque uma magnífica escultura, obra-prima que captura a atenção por sua beleza e carisma. Construída em uma época de transição entre civilizações, ela é o corpo de uma mulher alada, cheia de ímpeto.          

Para que hoje possamos todos admirá-la, fez-se necessário que o arqueólogo que a encontrou em pedaços, em um santuário na Samotrácia, empreendesse diligentemente a sua reconstrução.

Precisamos ancorar nossa consciência plena na restauração da vida.            

Eliane Utescher

Psicóloga  /  Terapeuta Biográfica

05/11/2021

Published in: on 10/02/2022 at 7:30 p02  Deixe um comentário  

Em busca da Regeneração

A Primavera . Sandro Botticelli

´´É parte da cura o desejo de ser curado” Sêneca

A primavera tem início oficialmente daqui a um mês, mas já nesta época começamos a ouvir o trinado dos sabiás no meio da madrugada. O chamado para um novo período se anuncia e nos lembra que, toda a natureza e os seres vivos, vivem através de ciclos.

Após um ano e meio de convivência com uma realidade adversa como a pandemia, nos tornamos um manancial de experiências múltiplas. Humanos que somos, algumas delas são iguais e comuns a todos; outras, muito específicas e pessoais. Externas e internas realidades.

A clínica em Psicologia evidenciou determinados fenômenos. Alguns pacientes muito confinados, apresentaram dificuldades em acessar a vontade própria. A imobilidade interferiu no sistema metabólico motor. Com a drástica mudança da rotina, as pessoas ficaram com a sensação de perda de controle.

Na esfera do pensar, houve sintomas relacionados à diminuição de habilidades cognitivas, e uma exaustão mental devido ao esforço do trabalho on-line.

Sentimentos de angústia, ansiedade, medo, irritabilidade, ressoaram no peito da grande maioria que veio em busca de ajuda.

A despeito do advento da Covid 19, que precipitou e intensificou mudanças no corpo e na alma humana, o cuidar, na abordagem antroposófica, pressupõe que o processo de cura se dá quando incluímos a dimensão espiritual da vida.

É com ela que contamos, com quem nos relacionamos, a quem nos dirigimos, para acionar no paciente a conexão com seu próprio Ser.

Nessa parceria seguimos na busca da harmonização do corpo, dos ritmos naturais das forças vitais, da recuperação do equilíbrio emocional e da Identidade.

A magnífica pintura, A Primavera, de Sandro Botticelli, foi encomendada para sanar o estado de melancolia em que se encontrava um povo.

Que ela seja uma inspiração para alavancarmos o caminho da regeneração.                                                                                                                                                     

Eliane Utescher

Psicoterapeuta / Terapeuta Biográfica     

27/08/2021                                                                                                                                   

Uma Nova Realidade

The Gate of New Beginnings. Thomas Kinkade

Quando falamos da alma do ponto de vista da Psicologia fundamentada na Antroposofia, nos referimos à uma realidade muito concreta da constituição humana. Trata-se de fato de um corpo de pensamentos, sentimentos e anseios vigente em uma corporalidade física.

No intuito de propor uma reflexão sobre essa concepção do psiquismo em relação à atual pandemia, que é o grande evento da nossa época, assinalamos abaixo algumas observações de eminentes pesquisadores.

A psicóloga espanhola Eli Soler observa que o longo confinamento provocou um estado de apatia social generalizada em muitas pessoas. O desânimo atingiu uma tal proporção, que elas, fechadas em si mesmas e em suas próprias opiniões, perderam a vontade de se relacionar.

Por outro lado, Elke Van Hoof, professora de Psicologia em Bruxelas, enfatiza que a pandemia nos colocou diante do maior experimento psicológico da história, e que temos a força para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos.

Segundo um dos mais proeminentes pensadores contemporâneos, o holandês Rutger Bregman,“é quando surge uma crise que os humanos dão o melhor de si”. Com estudos que se baseiam em fatos históricos e em diversas áreas do conhecimento, ele expõe o argumento de que a humanidade é, em essência, resistente, gregária e solidária. Atesta que tal visão da natureza humana é profundamente realista.

Ao consideramos essas e tantas outras conclusões sobre nós, podemos concordar, discordar, ignorar. Em verdade, todo e qualquer conteúdo deveria passar pelo crivo do nosso pensar, do nosso sentir e da nossa vontade, para que seja legitimado pela própria individualidade.

Em suma, a alma é plástica, dinâmica e passível de transformação. E, quando permeada pela essência íntima do nosso Ser, o que é denso se sutiliza, e as mais difíceis experiências engrandecem a nossa humanidade.

A pintura de Thomas Kinkade ” The Gate of New Beginings”, ou seja, “O Portal de Novos Inícios”, é um tributo ao luminoso espírito humano e ao limiar do caminho da vida que se abre.

Eliane Utescher

Psicóloga / Terapeuta Biográfica

25/06/2021

Published in: on 28/06/2021 at 7:30 p06  Deixe um comentário  

Por uma Cultura de Gratidão e Doação

Dança de Roda . Cândido Portinari

Desde o agravamento da pandemia em nosso país no começo deste ano, temos observado alguns fenômenos, talvez com mais consistência do que quando surgiram no ano passado.

Do ponto de vista humanitário, o que teve início como impulso de empatia e solidariedade – cuidados, alimentos, medicamentos, etc..- , se intensificou entre aqueles que foram sensibilizados pelo sofrimento.

Um maior número de pessoas se mobilizou entre amigos, associações de bairro e organizações da sociedade civil, em prol do compartilhamento de recursos para os mais vulneráveis.

Será que estamos assistindo a alguma transformação profunda na alma desses indivíduos? Podemos esperar uma mudança significativa e em larga escala no processo de humanização?

Nas antigas culturas orientadas por seres superiores, agradecer e doar faziam parte de um ritual cotidiano. Nas tribos indígenas remanescentes ainda encontramos uma cultura de doação.

Segundo a Antroposofia, o tempo de atuação e doação dos “deuses” para a evolução humana chegou a seu término. Como pais amorosos e conscientes, deixaram a condução da Terra em nossas mãos.

Para Rudolf Steiner, o cultivo do Bom, do Belo e do Verdadeiro, na infância e juventude, se transforma em forças de Confiança, Doação e Gratidão na psique do adulto.

Habilitados, ou não, parece que é chegada a nossa vez de nos tornarmos cuidadores de nós mesmos, do mundo e do Cosmo.

Resta saber se, agora que somos responsáveis por nossa edificação, conseguiremos desenvolver, por vontade própria, uma consciência que reconheça o valor de tudo o que ganhou, e que também anseie verdadeiramente retribuir as bênçãos recebidas.

Penso que vale a pena esperançar!

Eliane Utescher

Psicóloga / Terapeuta Biográfica

30/04/2021